sexta-feira, 6 de abril de 2012

Como a maconha passou de um remédio a uma droga proibida?


por: Gabriel Chaves Amorim


Estamos presenciando em todo o país a marcha, dos que lutam pela descriminalização da maconha. No Brasil de hoje, a maconha que se conhece, é a droga contrabandeada, maioria vinda do Paraguai. Antes desses tabletes de maconha prensada (de qualidade duvidosa), entrar no Brasil via contrabando, a maconha já era cultivada e descrita, em inscrições médicas milenares. E é essa abordagem que o um especialista em Psicobiologia autor de um artigo quer propor. Com uma narrativa bem histórica 


Waldo Zuardi, doutor em Psicobiologia pela Faculdade Federal de São Paulo. Com auxílio financeiro, da Fundação de Amparo à Pesquisa, do Estado de São Paulo Waldo Zuardi, é um dos pesquisadores que compõe o grupo que pesquisa os Efeitos do Canabidiol (medicamento a base de maconha) e do Rimonabanto (uma anfetamina) na Ansiedade, em Pacientes com Transtorno de Ansiedade Social. Zuardi ainda contribui com pesquisas nas áreas: De Ciências Biológicas, Farmacologia e Neuropsicofarmacologia. Para o Departamento de Neurologia, Psiquiatria e Psicologia Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo (SP), Brasil.

Podemos acompanhar uma revisão recentemente feita por Zuardi em:
”A História da Cannabis Como Medicamento”, publicado na revista Brasileira de Psiquiatria no ano de 2006, volume 25, número 2. O artigo refere, o histórico do uso da Cannabis como remédio através de publicações médicas. Em três tópicos, antes da era cristã, no Início da Era Cristã (até o século 18) e a medicina ocidental (sec. 19 ao sec. 20). Esse artigo transmite ao leitor: A história e o declínio, do uso da maconha como medicamento.

O ponto de partida vem logo nos primeiros parágrafos, quando o autor descreve o achado arqueológico do tumulo de um imperador chinês. Zuardi revisa que: A arqueologia comprova que a Maconha é cultivada desde 4000AC. Visando à obtenção de suas fibras, para a manufatura de cordas, tecido e papel alem de fonte de alimento. Utilizada também como remédio, em casos de dor reumática, constipação intestinal, doença do sistema reprodutor feminino, malária e outras. Essas informações são descritas na farmacopédia mais antiga do mundo, Chamada de "A Caneta T'sao-Ching" descreve em que casos eram recomendados os usos da Cannabis.

Seguindo a linha proposta pelo autor do artigo, os parágrafos seguintes relatam como a maconha era vista por outras civilizações e culturas. O autor revisa ainda que: A maconha é citada no Atharva Veda (livro da medicina sagrada para os hindus) como uma das cinco plantas sagradas da Índia. Indicada como analgésico, anticonvulsivante, tranqüilizante, anestésicos, antiinflamatório, antibiótico, antiparasitário, digestivo, estimulante de apetite, diurético, afrodisíaco e expectorante. Revisa o autor.

Podemos observar também que: O artigo não apresenta a Cannabis como uma droga de recreação, usada para fins hedonistas. Estou me referindo, a disseminação desse tipo de uso da droga, nos anos 60. Trata a maconha como fonte de matéria prima para a alimentação, medicina e artefatos em geral. 
O Autor ainda revela os verdadeiros motivos da proibição da Cannabis: Devido o surgimento de vários medicamentos no final do século 19, que tinham maior eficácia, em sintomas que recebiam indicações de Cannabis. Foram impostas restrições culturais e econômicas para inibir o uso da mesma. Até ser retirado completamente da Farmacopéia Americana em 1941.

Ao longo do artigo, o autor revisa de forma clara, a história da maconha. Começa pela descoberta arqueológica, com data mais antiga. E termina, com a descrição de uma transação comercial findada na descoberta científica recente, do poder medicinal da Cannabis: “No início de 2005, um laboratório farmacêutico multinacional recebeu a aprovação no Canadá, e está pleiteando autorização no Reino Unido e da União Européia, para comercializar um medicamento contendo D 9-THC (principio ativo da maconha) e CBD para o alívio da dor neuropática em pacientes com múltipla esclerose.” [¡]

Observamos com esse artigo, que a maconha é Injustamente demonizada, tendo como cartão de visita a intimidadora frase: “Porta de entrada para outras drogas”. Realmente se é porta de entrada pra outras drogas não posso afirmar, mas segundo o autor do artigo ela é porta de saída para doenças graves e crônicas
Nessa atmosfera proibicionista, em que sou forçado a me sentir mal ao discutir tal assunto. É de extrema importância que a verdade seja revelada. O autor do artigo aborda esse assunto como um profissional (psiquiatra) qualificado para isso. Não tem a preocupação de apresentar os males, que a substancia pode causar, nem os benefícios. Mas apenas relata fatos históricos, que podem ser interpretados de diferentes ângulos.

Recentemente assisti a um vídeo (youtube) que mostrava a, luta de idosos nos EUA, para conseguir autorização para o plantio da Cannabis. A Senhora entrevistada tremia mais que “pandeiro na mão de sambista”, tremia muito, era um sintoma da esclerose múltipla. Mas foi algo mágico, quando repentinamente ela tragou o cigarro de maconha e parou de tremer. O artigo propõe essa idéia: A maconha deixa de ser vista como, uma droga ilegal e perigosa que destrói famílias. E volta a ser um medicamento, usado na melhora da qualidade de vida de seus usuários. [¡¡] 

Esse artigo é indicado para todos que queiram sabe sobre: A verdade histórica da Cannabis. 

Referências:
Artigo Cientifico do Doutor em Psico Medicina da USP, ZUARDI; Antonio Waldo
[¡] ZUARDI, Antonio Waldo. History of cannabis as a medicine: a review. Rev. Bras. Psiquiatr. [online]. 2006, vol.28, n.2 [cited 2011-06-15], pp. 153-157 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462006000200015&lng=en&nrm=iso>. ISSN 1516-4446. doi: 10.1590/S1516-44462006000200015.

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